O cenário empresarial brasileiro se prepara para uma transformação significativa: a contabilidade está entrando de vez na era do ESG (Environmental, Social, and Governance) com a chegada de uma nova norma que será obrigatória no país.
Essa mudança marca um ponto de virada na forma como as empresas reportam e são avaliadas em relação às suas práticas de sustentabilidade e responsabilidade.
A obrigatoriedade de relatar informações ESG por meio de padrões contábeis claros e auditáveis significa que a sustentabilidade deixará de ser um item opcional ou uma mera iniciativa de marketing. Ela passará a fazer parte da espinha dorsal das demonstrações financeiras das companhias.
O que é o conceito ESG?
O conceito de ESG refere-se a uma abordagem de investimento e gestão empresarial que leva em consideração três fatores chave na avaliação do desempenho e do impacto sustentável de uma empresa: Ambiental (Environmental), Social e Governança (Governance).
Este “tripé” ajuda a determinar a sustentabilidade e a responsabilidade ética das empresas. Dessa forma, influenciando a tomada de decisões por investidores, stakeholders e a sociedade em geral.
O que muda na prática?
Com a nova norma, as empresas precisarão:
Por que essa mudança é tão importante?
A inserção da contabilidade no universo ESG reflete uma crescente demanda global por responsabilidade corporativa. Investidores estão cada vez mais atentos aos riscos e oportunidades relacionados a questões ambientais, sociais e de governança. Empresas com bom desempenho ESG tendem a ser mais resilientes, inovadoras e atraentes para o capital.
Para os contadores, essa é uma oportunidade para expandir suas habilidades e se tornarem protagonistas na construção de um mercado mais transparente e sustentável.
Eles serão os guardiões da veracidade das informações ESG, garantindo que as empresas cumpram suas promessas e contribuam efetivamente para um futuro mais responsável.
Quais relatórios contábeis são relacionados ao ESG?
Ao integrar o conceito ESG na contabilidade, as empresas precisam coletar, analisar e reportar uma variedade de dados contábeis e não contábeis.
Cada tipo de relatório requer informações específicas para refletir de maneira adequada o comprometimento. E o desempenho da empresa em relação à sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Veja alguns exemplos:
1. Relatório de Sustentabilidade
Também conhecido como Relatório de Responsabilidade Social Corporativa (CSR), ele detalha as práticas e os impactos de uma empresa em aspectos ambientais e sociais.
Dados necessários: informações sobre emissões de gases de efeito estufa, consumo de água e energia, produção e gestão de resíduos, investimentos em tecnologias verdes e gastos com proteção ambiental. Também inclui dados sobre diversidade e inclusão na força de trabalho, saúde e segurança dos empregados, e práticas de trabalho justo.
2. Relatório Integrado
Combina informações financeiras e não financeiras, oferecendo uma visão holística do desempenho e da estratégia de uma empresa, incluindo como ela cria valor no curto, médio e longo prazo.
Este relatório é projetado para mostrar a integração do ESG na estratégia de negócios e nas operações da empresa.
Dados necessários: combinação de dados financeiros tradicionais (receitas, custos, ativos e passivos) com informações não financeiras relacionadas ao ESG, como o impacto ambiental das operações, a contribuição social da empresa e a eficácia da governança corporativa.
3. Balanço Social
O balanço social é um documento que apresenta dados quantitativos sobre a alocação de recursos na área social, incluindo investimentos em educação, saúde e bem-estar dos funcionários, etc.
Dados necessários: informações quantitativas sobre despesas com a força de trabalho (salários, benefícios, treinamentos), investimentos em programas de saúde e segurança, contribuições para a comunidade (como doações ou projetos sociais) e impacto social direto das operações da empresa. A DVA é um componente chave aqui, detalhando a distribuição do valor econômico gerado.
Em resumo, a nova norma contábil para ESG não é apenas uma exigência regulatória. É um convite para que as empresas brasileiras elevem seu patamar de responsabilidade e se posicionem de forma mais competitiva no cenário global.